sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Essa não é uma história real.





Ela acreditava em tudo o que de bom acontecia em sua vida, vivia como se o mundo fosse fácil, talvez porque ela não sabia que as pessoas mudam, essas mesmas que faziam do dia uma alegria única, conseguem definitivamente tornar a noite desagradável. Ela não se importava com isso pois ela gostava da vida dela assim, cheia de emoções. Ela conheceu um garoto, um garoto especial. Assim foi se passando o tempo e aquele garoto continuava importante. Ele ficou com ela pela primeira vez e dessa vez vieram tantas outras vezes. Ela gostava dele e ele dizia que também gostava dela. Era uma amizade colorida, uma amizade que cresceu. Ele a pediu em namoro, eles começaram a namorar. Agora ela tinha um namorado. Ela amava o namorado, amava como nunca havia amado alguém e isso já bastava, não é?! Ela era feliz. Ele a deixava, a tornava feliz. Tudo isso importava pra ela. O tempo passou, outra vez. Pura felicidade e alegria na cabeça da menina. Até que um dia acabou. Ele terminou com ela. Ele a traiu. Ela estava infeliz, ela ainda o amava. Ela estava completamente disposta em perdoá-lo e ele se dizia arrependido. Mas ele ainda não havia voltado. Várias vezes essa menina pensou em cortar os pulsos e se deparou com um canivete sobre as mãos, cada vez que uma lágrima presa insistia em não cair. Tudo continuava igual. Os pais dela acreditavam que ela podia estar enlouquecendo, entrando em depressão, e, muitas vezes, acreditavam na ajuda de psiquiatras e psicólogos. Os pais da garota a obrigaram ir em uma clínica psiquiatra e a fazer várias sessões de consultas com psicólogos. Mas nada adiantou, ninguém entendia. Ela simplesmente não queria mais viver, e era tudo muito simples. Ela começou a se cortar, não na tentativa de tirar sua própria vida, mesmo que isso seria ótimo pra ela, mas porque ela precisava ver seu próprio sangue, e assim continuou, porém, a cada dia piorando mais. A garota já não falava, não comia, não dormia. Mas ela escrevia e desenhava, andava com um caderno sem capa e uma caneta preta, sempre sobre as mãos. Ninguém se atrevia a questioná-la. Ela perdeu peso. Ela se tornara pálida e sempre com olheiras profundas. Sua família já não sabia mais o que fazer, e um dia ela faleceu. Não, ela não se matou pelos pulsos, mas por uma doença grave que teve em sua saúde, por não se alimentar e nem  dormir. Médicos insistiram na ideia de que ela era uma garota forte, porque afirmavam que já fazia tempo que o coração batia fracamente. O garoto apareceu e ele sentiu culpa, rancor. Ele jogou seu próprio ódio para si mesmo. A família achou que o mais certo a fazer, era entregar o caderno que a garota tanto escrevia, para o menino, mesmo sentindo ódio do garoto e jogarem a culpa nele; Ele não era, exatamente, o culpado, pois mentir é tão fácil e tão normal! Ao abrir as primeiras páginas, as únicas coisas que estavam marcadas em folhas, eram desenhos de corações partidos e o nome dele cercado de lágrimas invisíveis, lágrimas também desenhadas, por alguém que não estava mais ali. E foi a última folha do caderno rabiscado, que realmente fez a diferença. Nessa dizia:
"Eu não me matei. Eu deixei que a morte me levasse aos poucos, pra que eu pudesse sentir dor. E isso foi ótimo. Eu sabia que esse caderno, um dia, chegaria em suas mãos. Guarde esse caderno. Cuide desse caderno. Foi nesse caderno que eu coloquei em prática minha vida. Agora eu estou bem melhor que antes, e só espero que você seja feliz. Não se culpe por isso. Essa foi a minha decisão. Eu peço que se cuide, que se alimente, que encontre alguém que te ame como eu te amei e que seja feliz, porque foi isso que eu tentei fazer quando estavamos juntos. Devo te lembrar que é importante dar valor ao que tem nas mãos. Obrigado por me fazer feliz. Eu amo você."
As palavras dela, explicaram tudo.




Essa não é uma história real, mas isso, realmente acontece. Será que isso precisa acontecer pra que as pessoas aprendam a dar valor ao que ganham, ao que tem em mãos? Será que uma dia as pessoas vão conseguir reclamar menos sobre problemas tolos e se importarão com seu próprio modo de viver? Será que é preciso a morte, para uma vida realmente ter sentido?

Micaela Mariane
  

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