Foi como um déjà vu. Talvez uma visão inesperada de algo que não vai acontecer, quem sabe só mais um pesadelo, mais um medo. Reviver a mesma cena, no mesmo lugar, mas com pessoas diferentes. Impossível? Aquela sensação já vivida, que não passa de mais uma ilusão, interferiu minha recuperação. E a dor voltou a me visitar; a cada vez mais forte, com intensidade desconhecida.
Como eu queria sumir. Correr pra bem longe sozinha, e gritar sem esconder das pessoas o que eu sinto, por que longe eu não precisaria sofrer em silêncio. Talvez eu seja esperta de mais; esperta o bastante pra saber que não vai mais acontecer, que não vai mais voltar, e que um dia, eu possa sentir falta dessa dor que hoje é desnecessária e atordoante. E quando isso acontecer? Eu devo sair correndo em busca daquela árvore em que escrevemos juntos o eternamente? Olhar a calçada que com um giz escrevi seu nome junto ao meu e lembrar que a chuva apagou tudo? Eu não precisava chegar a essa conclusão, a esse ponto da consciência exata.
E a cena se repete em minha cabeça que gira em busca de um lugar seguro. E o meu vazio invade tudo que corria bem; o que talvez fosse insuportável, mas eu reagia as minhas emoções – as que me deixavam como uma morta-viva, e aquelas que insinuavam que meu coração batia, e, eu precisava correr atrás de motivos para me manter disposta – ou pelo menos de pé.
Talvez delirar não fosse tão ruim assim, se eu não sentisse tanto ou esperasse demais.
Me sinto perdida no mesmo caminho – entre a duvida e o desespero, tento achar o lado certo. Dividida entre dois mundos, refletindo o que prometi esquecer; e isso dói, mais do que poderia doer, mais do que eu pensei que fosse possível, mas que a probabilidade de conseguir ser forte o bastante, mais do que eu esperava ter que ser pra suportar.
Micaela Mariane
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